Desculpem
lá, mas eu não era nada sem as minhas Marias. Sim, como eu, muitas e
muitos de vocês. A minha primeira Maria, a máquina de lavar roupa, a
segunda a minha máquina de lavar loiça, a minha terceira a de secar
roupa, a quarta fofinha a minha Bimby e a mais nova Maria, a minha
fritadeira. Quando elas todas, estão a trabalhar, ajudam-me tanto. Já
não sei viver sem elas. Quando tenho todas ligadas, parece que estamos
num ensaio daquelas bandas de rock mais barulhentas, mas tem que ser.
Sem ela, há silêncio, mas não há resultados. E, quando algumas delas
fica doente, sou rapidinha a chamar o senhor doutor das máquinas aqui à
casa. E resolvido o problema, a alegria e o barulho volta, mas o suposto
braço direito também. E por falar em braço direito, com todas elas,
sinto-me é um polvo, isso sim. Eu que coordeno tudo, ponho todas a
trabalhar, para ajudarem-me. A máquina de secar roupa, tira férias no
verão, sim porque eu sou boazinha, mas azar dos azares, no inverno
trabalha a dobrar. A máquina de lavar roupa, não a sobrecarrego, mas tem
trabalho constante durante todo o ano. A Bimby e a Actifry,
chegam
a trabalhar duas vezes por dia, mas demonstram felicidade, quando vamos
comer fora, ui, patrões na rua, dia santo na loja. A máquina de lavar
loiça, é mais exigente, espera por estar completamente cheia, por isso
trabalha uma vez por dia. Antes, quando eu tinha o relógio bi-horário, a
maioria delas trabalhava a noite, agora com essa concorrência de
empresas já não utilizo o relógio bi-horário e elas tem folga à noite.
E, como dizem que quem paga o jantar, escolhe o cardápio, quem manda
aqui sou eu, sim sou eu que liga ou desliga, sou eu que dá-lhe o que
fazer, mas não temos uma relação de autoridade e submissão, não,
absolutamente, trato-as com carinho e sou feliz com elas e elas comigo,
lógico... Eu sei que não sou fiel a elas, pois estou sempre de olho, por
um modelo novo, uma outra marca, outra capacidade ou mesmo outra classe
energética, mas elas não sabem, nem quero que saibam. A nossa
convivência é boa, agradável até. E espero que continue assim, até que
surja outra paixão ou outro desejo de chegar mais alguma Maria, apesar
da falta de espaço, mas a minha cozinha é como o coração de uma mãe: há
sempre lugar para mais um ou nesse caso, para mais uma....
Beijinhos....
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