Eis a questão... coitado do pediatra dos meus filhos, perguntava-lhe tudo e mais alguma coisa. Cada consulta, lá ia eu, com um questionário previamente elaborado, de perguntas e dúvidas. Adiantava pouco, porque eu quando decido uma coisa, há pouco a fazer ou a mudar, mas pronto, assim até parecia que a responsabilidade não era só minha. E com a chupeta ou chucha, não foi diferente. Eu tinha um idéia pré-concebida que a chucha fazia mal, atrapalhava na dicção das primeiras palavras, deixava os dentes tortos e achava horrível, crianças com oito, nove anos que conhecia, ainda usar chucha, escondido, mas usavam. Então, pensava, não vou dar chucha aos meus filhos. Estava certa disso. Mas, quando eles nasceram, muitas coisas mudaram em relação a ideias pré-concebidas. E a minha maluquice começou já no hospital, julgo que efeito da anestesia... ou influenciada por aquelas prendinhas que ganhei mesmo no hospital, uma chucha linda, porém grande para aquela boquinha tão bem feita. Quando o meu marido veio a primeira visita, teve logo que ir comprar uma chucha para recém nascido, porque a outra era muito grande, na minha opinião. Lá foi ele. Voltou com uma chucha bem pequenina, de bebés prematuros e aproveitei que o bebé estava a dormir, lá encaixei aquela coisinha tão pequenina naquela boquinha tão bem feitinha. Ficou ali, cinco segundos... não, talvez quatro... e caiu. Pronto, normal, é a primeira vez. Depois fui tentando mais e mais vezes, até que... desisti. Hoje não, chega! Amanhã é um novo dia.
 Quando fomos para casa, eu olhava para ele, no berço e achava que tinha mais piada, usar chucha. Acalma e é só uma fase. E entre tentativas e fracassos, virou uma labuta para mim. Para o bebé, tudo bem, não estava nem aí para a minha vontade, mal ele sentia a chucha na boca, chuchava duas vezes e mandava aquilo longe. Aí, virei especialista em comprar chuchas, de silicone, furadinhas, de borracha, grandes, médias, pequenas, mudei de marcas, ou seja, entre compras e prendas, já tinha doze chuchas, completamente novas ou semi-novas. Resolvi então, que o problema era, não ter um fio que a prendesse e mudei de ramo, virei especialista em fios para prender a chucha. De tecido, de silicone, com o nome, mais compridas, mais curtas e nada... ele achava graça ter ali alguma coisa pendurada, mas pôr a chucha na boca, não isso era fora de contexto. E cedi, já não insistia. E ele, desde as ecografias no ventre, chuchava no dedo e continuou cá fora. E até tinha graça e o acalmava. Uma coisa boa: eu nunca tinha a preocupação de voltar para trás para vir buscar a chucha, porque o dedo é portátil, ia com ele para todo lado, porém o problema era outro, quando começámos a tentar tirar a chucha, o mesmo não se passava com o dedo. E foi assim, por cinco ou seis anos. Sempre conversava com ele, porque não devia chuchar o dedo durante o dia, que era feio e anti-higiénico. Mas ele o fazia mas na hora do soninho. E foi até quando ele quis. Hoje, já não o faz. Porém tive o segundo filho
e pasmem-se, fiz o mesmo. Lá estava a bandeira hasteada, esse vai usar chucha, porque eu quero. Ah, ah, ah... esse foi ainda pior, ele não achava piada nenhuma, aquele pedaço de borracha que não saia nem leitinho, nem água, nada... fazia uma força para chuchar, não saia nada, atirava para longe e chorava. Quando era um biberon, que a tetina é praticamente igual, ui ai a boa disposição voltava ou quando amamentava, estava tudo bem. E tentava enganar a ele, mas nada, nunca conseguia e desisti. Cheguei a uma conclusão: há coisas que nós conseguimos dar-lhes a volta e outras em que eles dão nos a volta aos nossos mais escondidos desejos. E usar chucha, definitivamente, não era para os meus filhos, não era cá pra casa. Mas foi bom, para entender que uma coisa são as nossas teorias e outra é a realidade, temos ali, um bebé, um ser tão pequenino mas que tem os seus desejos, as suas vontades e temos que respeitá-lo e aceitar, porque o mais importante é ele sentir-se bem e ser feliz, sempre...
Beijinhos....