Voltava eu, feliz e contente, da Faculdade. Uma noite normal como tantas outras noites, lindas de primavera. Vinha feliz, pois estar com a malta nova, na idade em que tudo nos parece encantador, é altamente motivador. Mesmo que tudo isso tenha sido depois de um cansativo dia de trabalho, mas no Brasil, parece que até o trabalho tem outro peso, pois o bom humor faz com que as horas que estamos a trabalhar, com boa disposição, passem num piscar de olhos. E depois do trabalho, a fazer faculdade, apesar do cansaço, fui comer um hot dog que era vendido lá mesmo e era ponto de encontro de colegas. É importante relatar o hot dog, servido por um casal super simpático,
marido e mulher, tudo muito higiênico, com luvas e touca e podemos escolher o que colocar no pão: batatas palhas, uma salsicha (sim, todo hot dog leva salsicha), vinagrete (com cebola, tomate, vinagre, azeite, pimentos tudo em cubinhos), picles, mostarda, ketchup, maionese, ovo cozido, fiambre e queijo aos cubos também, enfim, comer um hot dog na faculdade era, além da companhia, algo inesquecível e praticamente passava por jantar, ceia, pelo horário. Comi e dirigi-me ao carro, como tantas outras vezes, sózinha. De volta para o caminho para casa, meia noite quase, numa rua pouco movimentada, um rapaz cai sobre o carro, que estava parado para entrar em uma avenida e eu por achar que o rapaz tinha tido um mau súbito, fiquei sem ação. Em um segundo aparece outro rapaz e aos gritos pede para eu abrir a minha porta e saltar para o outro banco, armado. Pronto, estava armada a confusão. Eu, apanhada de surpresa, ainda comento com um dos ladrões: Pode deixar que eu conduzo! Comentário completamente parvo, porém a situação também era completamente inusitada. Eu, ainda não tinha me dado conta do que estava a acontecer. O rapaz que estava no chão, levanta-se e entra para o banco de trás do carro. E eu estava a ser assaltada e sequestrada ao mesmo tempo. Pronto, foram horas com esses dois homens, nervosos e eu completamente em pânico, pois com uma arma apontada na cabeça, tudo que eu havia imaginado para as próximas horas seguintes da minha vida, perdiam, naquele momento, todo o sentido. Uma rapariga com vinte e poucos anos, a estudar e trabalhar, a tentar ter um carro, para poder estar a horas em todos os compromissos do dia a dia, estava neste momento, com uma arma apontada a cabeça. Eu podia ouvir o barulho do cano da arma a bater nos ossos da minha cabeça. Parece que via aqueles filmes em que a mulher dava um tapa no ladrão e a arma voava longe. Sim, nos filmes, porque na realidade, se não correr bem, pagamos alto o preço do erro. Bem, os rapazes, levaram tudo que quiseram, relógio, documentos, algum dinheiro e o carro, que era o meu bonitão, um carro com dois anos de fabricação, mas nesse momento eu até torcia para que eles levassem tudo, mas libertassem a mim. Andavam bem rápido, sem cuidado, a mandar palavrões e a xingar toda gente. Conversavam entre eles, um sabia conduzir o outro não. Pediam para que eu não olhasse para eles. E que momentos aterrorizantes. Pena estar a relatar isso e não ser só ficção. Eu, que ainda queria conhecer alguém e viver uma linda paixão. Ter filhos, quem sabe. Viver, simplesmente viver. Cada quilometro que nos desviavamos do meu destino, eu mais triste ficava e preocupada com a minha mãe que estava sempre a minha espera. Enfim, que triste fim seria o meu, sim, porque eles prometiam-me que dariam um tiro na minha cabeça e jogariam-me a um rio... enfim, ouvir aquilo era do pior que já tinha passado nessa vida. Como, pensava eu, alguém pode decidir pela nossa vida, impor uma condição que não queremos, tudo por um bem material? As coisas que eu pensei, o filme da minha vida passou na minha cabeça naquele momento... e nessa hora, só nos resta pedir a Deus, porque não há ser humano que nos possa ajudar, pois nem percebo o que está a acontecer. E do mais profundo do meu sentimento, pedi a Deus, que me livrasse desses homens, a são e a salvo. Enquanto pedia, parece que os deixei de ouvir, fiz outra ligação entendem...e acho que Ele me ouviu. Pararam o carro, pediram para que eu decesse e não olhasse para trás... e assim foi... 
Sem dinheiro, sem saber aonde estava, fui ajudada por umas pessoas que não conhecia que me informaram qual o transporte publico para voltar para o meu destino. Entrei no ônibus e expliquei o que me tinha acontecido e deixaram-me passar sem pagar... lá cheguei a casa, muito mais tarde do que o costume. Já estava a minha mãe, com um coração aflito... Sim, as mães pressentem a aflição dos filhos...
Já não me apetece contar mais hoje... depois escrevo mais detalhes, porém era tão, tão bom, que essas situações de abuso, de violência, nunca mais acontecessem...
Se somos todos irmãos, não deveríamos desejar o que os outros têem. Ou se queremos ter, que trabalhemos para isso...
O mais importante é que apesar dessas horas horríveis, eu tive uma oportunidade de viver, de ser feliz de novo, de conhecer alguém a quem me apaixonei e desse amor, tenho dois filhos lindos... Mas nem tudo na vida são rosas... às vezes temos que passar por esses apertos...
Espero que nunca passem por esse momentos tão chatos...
Beijinhos....