Eu, adoro estar na cozinha. Não. Há lugares que adoro mais: na praia, no sofá, na caminha, no cinema, no teatro, no carro.... e muitos, muitos outros... mas a vida encaminha-me sempre para a cozinha. Tive uma avó açoriana, que tive o privilégio de conviver, que fazia da cozinha, o lugar mais importante da casa. Lá nos encontrávamos, conversas banais ou mais importantes. Lá saiam pratos inesquecíveis. Aromas
inconfundíveis. A minha avó tinha uma frigideira de ferro, que ela nem sonhava, mas era mesmo isso que eu queria ter ganho de herança. Não ganhei, é pena, mas também nunca lhe disse isso, porque dizer que queria algo de herança, como criança, poderia parecer que eu não a queria perto de mim, o que não era verdade. Na sua casa, comia queijo à vontade. Ela até dizia que eu era como os gatos, queijo e leite, nunca eram demais para mim. Ver a minha avó a procurar receitas no livro, era algo cómico. Se ela decidisse, que só ia usar um ovo, andávamos ali, a procura de uma receita de bolo que só levasse um ovo, o que não era nada fácil de encontrar. Mas ela encontrava. E o bolo saia. E era delicioso. Era mais interessante o processo da procura. Ela tinha um objetivo. Às vezes, a cisma, não era com o ovo e sim com o açúcar e pronto, lá estava uma nova labuta. E os ingredientes alteravam-se, conforme a sua vontade, mas que o desafio era cumprido, ah isso era. E o resultado, era sempre muito saboroso. A minha mãe e a minha avó materna, têm um grande dom. Com pouco, fazem comidas saborosas. Com o que sobrou, quando acontecia, modificavam e lá surgia outro prato, totalmente diferente. E nós íamos, sem saber, aprendendo muitas dicas e ensinamentos que hoje vejo nos programas dos Chefs. Mas como eu ia dizendo, com a arte de cozinhar, já fui fazer um bolo à televisão, sim a TVI. Já tive o prazer de ter uma tia, na minha cozinha, a fazer uns croquetes de carne, que foram os melhores croquetes que já comi nesta vida. Também, como tenho uma Bimby, já reuni amigas para ver demonstrações de comida. E é na cozinha, que invento e tento, fazer novas receitas. Tenho uma técnica, que funciona sempre. Quando percebo que o que eu fiz, ficou bom, muito bom, não paro de perguntar: Está bom? Ficou bom? Grande melga que eu sou... Quando ficou mal ou menos bom, aí digo Comam, não quero nada no prato! Não podemos estragar comida.. Há pessoas no mundo que infelizmente, não tem o que comer... Eu sei que é um subterfúgio, mas tem que ser... Se hoje, não ficou muito bom. Amanhã, ficará melhor, eu prometo...